A Cega Natureza do Amor.

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O amor, em 13 contos

Segundo livro do Jovem Escriba Patrício Jr. sai dia 16

Cartas apaixonadas. A gravidez indesejada e depois amada. A relação impossível. O romantismo da moça que se apaixona por um gringo. O mesmo sexo. A espera no cais do porto, por quem nunca vem. Discussão. Traição. São essas situações às quais nos submete o maior dos sentimentos que constroem os 13 contos escritos por Patrício Jr. em seu segundo livro “A Cega Natureza do Amor”, com lançamento marcado para o próximo dia 16 de julho, às 19 horas, na livraria Siciliano do shopping Midway Mall, em Natal.

O autor explica que não escreveu intencionalmente sobre o assunto preferido da literatura – o amor – mas que o tema surgiu naturalmente, ao fazer a seleção dos contos. “Percebi que esse sentimento dava unidade aos textos. Estavam lá o amor platônico, o amor religioso, o amor moderno, uns com finais tristes e outros felizes. No final, a intenção é que o leitor fique com a impressão de que apesar de, vale a pena amar”, teoriza.

A maioria dos textos é inédita, somente alguns já foram publicados. É o caso de “Diva” que saiu na extinta revista Brouhaha e que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Buca Dantas. O processo coletivo de criação que envolve a obra, inclusive, reforçou o seu teor artístico. Destaque para a participação da fotógrafa Drika Silveira e para as interpretações musicais de Marlos Ápyus que fizeram, cada um, suas leituras dos contos. No lançamento, haverá uma exposição das fotos do livro e um pequeno show ao vivo.

Impressa pela gráfica carioca Lidador, a obra tem 124 páginas, tiragem inicial de 600 exemplares e terá campanha de divulgação no rádio, TV e Internet. O apoio cultural é da Grito Anime, Diginet, Drika Silveira Fotografias, Faz Propaganda, Versailles Recepções, Larissa Borges Projetos Editoriais, Camaleão Art Vídeo, Honda Motoeste e Sucesso Produções.

“A Cega Natureza do Amor” é o 11º lançamento do selo potiguar Jovens Escribas. O primeiro livro de Patrício Jr. foi “Lítio”, lançado em 2005 também pelo JE. Nascido em Natal/RN, em 1979, o jornalista e publicitário é um dos fundadores do selo, que já publicou mais de 10 livros de novos autores. Ele escreve também no http://www.patriciojr.com.br.

Veja também os belos anúncios criados pela Raf Propaganda para o livro:

Mais informações
Rosilene Pereira – Assessora de Comunicação
rosilenews@hotmail.com – 84 9941-8123

Balada para uma Serpente. Capítulo 1.

A partir de hoje, todas as terças o Entrerios publicará capítulo, por capítulo,  o livro “Balada para uma Serpente” do carioca/recifense Paulo Costa, obra já publicado pela editora pernambucana Edições Bagaço. Trata-se de uma ficção policial noir ambientado em pleno movimento mangue beat. Sempre com sugestão de trilha sonora no começo de cada parte, o livro é cinematográfico, nos dando uma sensação vívida de cada cena descrita em suas páginas.

Arrume um lugar confortável pra ler, pegue seu mp3 player e mergulhe na prosa de fácil leitura de Paulo Costa, o P.C.

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CAPÍTULO 1 – Parte 1.
Blues – (Since I’ve been loving you, Led Zeppelin) .
O corpo flutua na vastidão azul, afundando em câmera lenta. A água salgada irrita a mucosa do nariz e em segundos encharca os pulmões… Sobressaltado, tenta levantar- se, mas, a cabeça feito peão o derruba, zonzo, na cama. Trôpego, vai até a cozinha sentindo ondas de suco gástrico ainda brigando com restos de cerveja na barriga. Senta no primeiro lugar que encontra. A língua, aquele corpo estranho dentro da boca, esturricada, amargando. Silva escorrega do banco e cai sentado no chão. Que coquetel infernal: ressaca e pesadelo! O olhar irritado tenta identificar que diabo de lugar é este. O suor escorre do pouco cabelo que conserva dos anos 70, faz uma parábola e toca a boca seca. A geladeira enorme, daquelas de porta dupla, o encara com ar solene. E frio. Torradeiras, fritadeiras, batedeiras, cafeteiras, verdadeiro desfile de “eiras” eletrônicas rodopiam sobre sua cabeça. A cabeça dói. E como dói. Quer acreditar que é a cozinha de um comercial que ele nunca criou, em toda sua carreira de publicitário. Mas é real.
Ele está ali. Mas onde?
Do alto da indiferente geladeira um sorriso esmurra o torpor, acendendo fagulhas no breu de sua memória. A foto da Galega! É ela que pisca em sua mente como splash de anúncio vagabundo. Sem tirar o olhar daquelas retinas dissimuladas, esforça-se terrivelmente e levanta. As costas reclamam o frio da cerâmica. Prefere estar morto: os mortos não sentem o frio da pedra. Só alívio. Na cabeça as cenas dançam em confusão. Ele levanta e desce o corpo sobre a Galega que tenta agarrar seus poucos cabelos. Tudo muito impreciso na memória. Ela enrola entre os dedos o rabo de cavalo que desce da quase careca, puxando com força o corpo dele para dentro do seu. Silva, ofegante, rumina que, porra, tudo que ele queria na noite anterior era ficar perambulando pelo Bar Royal, olhando o mulherio dos maracatus passando pela rua! Depois, ir até o Burburinho pegar a velha sessão de blues e terminar de encher a cara.
Dar de cara com a Galega em plena semana pré-carnavalesca…
Por esta ele não esperava.

Estar entre aquelas longas e grossas pernas que desfilaram na sua cara, esnobes, por tanto tempo inatacáveis. Afinal, era sua cliente; e mesmo que hipnotizado pelos dedos torneados, envoltos nas finas tiras das sandálias de salto alto e perfurante, cliente é cliente. O pior é que a Galega teimava, passando, indo e vindo, com aqueles tornozelos torturantes. Silva não arriscaria o cargo de diretor de criação, mesmo que fosse por causa tão nobre como aquelas maravilhosas e douradas pernas. Nem por aquele corpo talhado por tecidos tão impróprios quanto finos. Eu sabia, tinha certeza, que aquele olhar enviesado para o meu lado, nas reuniões de briefing, não era à toa, resmunga, sentado no chão frio da cozinha, enquanto olha para a foto da Galega sentindo mais ressaca que remorso.

Inacreditável, mas estava ali, entre as pernas da Galega. Beijava- as e passava a língua, ainda não ressecada, pela superfície dos pelos amarelados. Lembra- se de Van Gog entre girassóis. A dor de cabeça e o enjôo trazem Silva de volta ao casarão à beira-mar.

Outro banco distraído na cozinha o faz cambalear, obrigando Silva a um malabarismo para não cair com a cara na pia. Tropeça até o corredor que tem pequenas gravuras com motivos marinhos na parede. O barulho das ondas o carrega até à sala, ampla e fresca. Móveis rústicos e luminárias sinuosas. Que sala! Do tempo em que ainda se fazia casa para gente morar e não as caixas de fósforos de hoje. Pé-direito alto, arejada. A grande porta de vidro lhe impede de transpor a divisa com o terraço, que fica de frente para o mar de Candeias.
A rede no terraço joga de um lado para outro, preguiçosa recebendo o carinho do vento. A Galega montada sobre ele deitado na rede. Com seus dedos grossos, torce suavemente os bicos enrijecidos dos pequenos peitos, fazendo a pele dela arrepiar. Quantas vezes, mirando a precisão arquitetônica das coxas da Galega, lia e relia os briefings imprecisos que seu chefe, o Bob, redigia. Eram pequenos espasmos de prazer na rotina louca da agência. Frestas que deixavam passar o jogo de sombra e luz da sedução. Mas, eu achava aquilo tudo impossível, doidice da minha cabeça tarada… Silva encara o rosto no vidro da porta.
O mar joga o eterno ir e vir. O tempo se perde na memória embriagada.
Consegue abrir com dificuldade a porta de vidro. Inala o ar salgado e vital para seus pulmões boêmios. Ah, maldita ressaca, nunca mais outra dessa! Enquanto sorve a brisa, busca no horizonte entender como saiu do Burburinho para Olinda e foi parar em Candeias, do outro lado da cidade. Não tem a menor idéia. Uma bolacha, daquelas que ficam sob as tulipas de chope, brinca rodando perto da carranca sisuda que decora o terraço: Atlântic Blues Bar. O luminoso acende em sua mente. Silva fecha o punho com raiva e bate na cabeça. A dor da ressaca explode, junto com a lembrança da noite passada. Pneus gritam na rua de pedras imprecisas. A porta do carrão abre- se à sua frente, fechando o caminho… O coração de Silva quer pular garganta a fora.
Não é possível, você…
Silva sai da Rua da Moeda, onde o Mestre dos Maracatus ensaia a abertura do Carnaval com um mar de batuqueiros que enche a rua de uma ponta à outra. O som das alfaias ecoa por todo Recife Antigo. Meio cambaleante passa pela enézima vez pela Rua Tomazina, só para ver se cruza com alguém para tomar a saideira. A Bad Company destila rock and roll no Burburinho: Dylan, Beatles e stones dançam na noite, misturados ao som do maracatu. Os olhos imprecisos mal conseguem ver quem é quem em meio à fauna fantasiada de maluco- do-carnaval, uns totalmente de preto, outros com barbas coloridas, alguns carecas com uma única e fina trança escorrendo pelos ombros, jornalistas fantasiados de intelectuais, todos envolvidos pela fumaça canabiana. A moldura daquela tela alucinante é feita de paredes sujas, rachadas e pichadas. Na verdade aquilo não é rua e, sim, um beco sombrio onde se dá luz a projetos culturais, revoluções intergaláticas são urdidas e bandas das mais diversas cores sonoras são paridas, embrenhadas na madrugada.
Silva virou à esquerda em direção à Rio Branco, cumprimentou amigos em uma mesa enferrujada, torta no chão de pedras irregulares. Tomou um gole de cerva no copo de uma gata que estava na sua mira já há algum tempo e, como o último anjo da guarda ainda está acordado, não senta com a galera. Vai embora, olhando as mesas enfileiradas nas calçadas encardidas ou sobre as pedras ressacadas pelo tempo. Em cada porta velha, um boteco diferente com gente enchendo a cara de cerveja, whisky ou tomando cana acompanhada de sardinha em lata com farinha. Todos tentando se equilibrar em tamboretes velhos ou em cadeiras enferrujadas que, sem avisar, balançam junto com às mesas, de um lado para outro, na incerteza da rua de pedras escuras.
A decoração do Carnaval já está quase pronta, mas alguns funcionários da prefeitura, ainda penduram coloridos caboclos de lança aqui, passistas acolá. As cores da folia, o ventinho morno que vem do porto, o velho casario do Recife Antigo e o pulsar das alfaias conduzem o zonzo Silva. Tudo incerto naquele juízo de pensamentos que marcam hora, mas nunca se encontram.
Mas Silva sabia, tinha certeza que naquela noite resolveria a história com Guta, que se encontraria com ele em Olinda, no Atlantic Blues Bar.
Até que o carrão freia bruscamente, pára ao seu lado, a porta se abre…
A Galega o convida para entrar com um gesto rápido da cabeça e olhar devorador.
Canalha, galinha!! Sua ex-mulher tinha razão. Silva olha, meio tonto, para os coqueiros na dança eterna, embalados pelos ventos oceânicos… Como pode marcar com a Guta no Atlântic Blues Bar, tentando como Dom Quixote reatar o casamento e, no fim da noite, terminar enfiado entre os girassóis da Galega? Imperdoável. Quis socar a própria cara. Na verdade, no fundo da cabeça rodopiante, sabe que não passa de teatro barato, que a consciência pesada improvisa para apagar os erros que cometemos. Também não tem força para socar nada e a cabeça o tortura no fim de tarde domingueiro. Legal vai ser a próxima reunião de briefing com toda essa merda emoldurada por aquele decote, os tecidos finos marcando suas curvas, a boca carnuda explicando posicionamentos da concorrência e metas de vendas; e cafezinho, temperado com furtivos olhares de cumplicidade.
Amália, sua filha com Guta, aparece em seu devaneio, piorando o enjôo. A lembrança lhe corrói ainda mais o estômago e a consciência. Há quase seis meses tenta retomar a vida com a ex-mulher e a filha, mas tudo dá errado. Acertou de ficar com Amália em alguns finais de semana. E até vinha cumprindo direitinho. Cinema, praias, shopping e comidinhas em casa. Vez por outra umas rosas, livros e até mesmo vinhos de presente para Guta. Mas, não tinha jeito na vida, mesmo. Só arruma confusão, principalmente entre pernas deliciosas. E a cabeça rodando, rodando. Semana que vem a gente se acerta e tudo fica legal. Batem as alfaias na Rua da Moeda. Garçom, mais uma cerveja! Não olhe pra mim, gatinha, que sou casado…
A roupa molhada de suor. Silva entra por onde saiu de marcha à ré.
Cruza novamente a sala, outro corredor, um quarto, dois e no terceiro: a cena do crime. A enorme cama de jacarandá. Um Maracanã erótico, sem exagero nenhum. A Galega escorregando pelo seu peito, ágil como uma serpente, dá um bote entre suas pernas. O prazer sobe em ondas, o mar lá fora explode nas pedras. O calor cresce, molha os lençóis. A brisa faz dançar os coqueiros e os sonolentos pés de caju. A maresia, que passa assobiando pelas brechas das janelas, salga a pele arrepiada. As ondas vêm e vão, vêm e…
Guta chega tarde ao encontro. Já esperava ouvir Silva reclamar do atraso. Entra meio ofegante no Atlântico Blues Bar. Olha o grande praticamente vazio com apenas um cara bebendo no balcão. A respiração vai ficando mais calma enquanto ela caminha lentamente entre as mesas, olhando em volta. Nada do Silva. Guta se volta e anda com passos firmes até a porta do bar. Para, respira a brisa morna que vem da praia. Barcos flutuam calmos de um lado para outro. Bem, uma cerveja não faz mal a ninguém.
O silêncio se rompe com os primeiros acordes de Since I’Ve Been Lonving You, do Led. A guitarra de Jimmy Page rasga a noite. Será que o Silva aparece? Ou vai levar outro furo? Fica olhando, distraída, a dança das bolhinhas de cerveja dentro do copo, olhando de um lado para outro, sem a ansiedade dos namorados. É… acho que merecemos mais uma chance, mas só uma e já chega! Cadê esse cara… O celular toca, Pedrão pisca no visor. Clique, desligado. A primeira cerva desce rápido. Mais uma, geladíssima, por favor!
Do balcão um rapaz observa as pernas pequenas, mas, bem torneadas daquela morena de cabelos curtos e nariz arrebitado. Camiseta sem sutiã e um  slogan escrito em letras formadas por bandeiras de todos os países: Vive lês femmes. O jovem de cabelos encaracolados pega a garrafa de cerveja entre os dedos e caminha lentamente para de Guta. Ela percebe o movimento e vira de lado, procurando o garçom. Mantém- se de costas para o conquistador que se aproxima.
– Tá sozinha, gata?
– Nunca! Garçom, por favor, mais uma cerveja.
O cara sai de lado, bebendo a cerveja em um grande gole. Caminha lentamente observando a decoração do bar, como se nunca estivesse bebido naquele boteco.
Aposto que o Silva encheu a cara e esqueceu o encontro. Mas, ele me paga se furar comigo outra vez. Juro que o mato, faço-o em pedacinhos e jogo no mar. No mar, não, vai poluir a praia. Guta agradece ao Garçom Baixinho e promete a si mesma que só tomaria aquela, até porque não curte muito o lugar que conheceu junto com o Silva. Iria logo embora, tinha uma tese de mestrado para terminar e, definitivamente, não queria perder mais tempo com o exmarido.
Eu sabia que não devia topar esse encontro, eu sabia…
A consciência queima. Silva olha a cama desforrada sentindo as unhas da Galega arando suas costas.
À dor de cabeça soma-se a dos arranhões nas costas. O estômago dá voltas de novo. Abre o guarda- roupa, mas não encontra o que o seu corpo exige. Com a avidez dos viciados vasculha a intimidade das prateleiras. Não, ela não tem o precioso bálsamo. Silva se esforça para controlar a necessidade inexorável que arrebenta na barriga, como o mar que estoura, lá fora. A existência fica meio sem sentido, naqueles intervalos entre a tonteira e a ânsia de vômito, sem a aprazível sensação de alívio, provocada pelo néctar dos deuses que ele procura em vão. Aquela Galega deve ter algum antiácido guardado em algum lugar.
A ponta de uma calcinha lhe sorri da gaveta. Olha de lado, desconfiado.
Olha mais uma vez, mirando o naco de lingerie. Não resiste, abre a gaveta.
Aquele oceano de calcinhas inunda sua imaginação. Sente até um novo ânimo com dezenas de rendas, curvas, cores e o aroma da intimidade ali guardado.
Silva cheira profundamente uma daquelas preciosidades, buscando na memória o cheiro dos girassóis. Rendas, sedas, algodão, detalhes de intimidade que, até então, só faziam parte dos seus sonhos e tiravam sua atenção, quando lutava com a impaciência e o tédio, tentando criar mais um comercial de ofertas, dizendo sempre as mesmas coisas: Aproveite de montão… Essa promoção é imperdível…
Senta na cama. Calcinha entre os dedos. Guta reaparece em seu delírio.
Silva tenta esquecer o mar de calcinhas e a ressaca das lembranças. Cai na real e teme que, finalmente, a relação que se arrasta há quase vinte anos com a Guta tenha escorrido por entre aquelas douradas pernas, naquela madrugada.
Eu não devia ter virado aquela última dose no Burburinho, antes de ir à Olinda.
Não é você que vive dizendo que adora nossa casa, que precisa de uma relação estável, que curte acordar comigo e com Amália.
A respiração acelera, quer botar tudo para fora, enjoado, quer sair correndo, levanta e a cabeça roda de novo. Cai de novo na cama que cheira a sexo. Culpa sua? Não. Da Galega, talvez. E da Guta também. A transa com Pedrão, não conta? Que safado, aquele Negrão. Seu melhor amigo e, pelas costas, chifre. Cheio de ginga com o cabelo rastafari e conversa de afundar porta- aviões levou a melhor com a Guta. Um estrondo. O carro do vizinho foi atingido por um coco que não suportou o rebuliço da noite.
O vento bate a porta do guarda- roupa, estrondo no quarto. Silva pula, quase desmaia com a tontura sem fim. Ia fechar a porta e, enquanto passa a mão na testa suada, vê um rosto conhecido no alto da prateleira, entre pastas de papelão e a caixinha de prata cravejada de pedras, onde a Galega guarda anéis e brincos. A foto de Pedrão lhe sorri. Retratos lhe perseguem neste quase anoitecer de domingo. Silva esfrega os olhos. Acha que está viajando. Olha de novo e Negrão insiste, encarando- o com aquele sorriso sem-vergonha. A mão treme, mas não o suficiente para impedir que pegue a foto, enquanto uma calcinha lilás descansa desprezada no lençol branco.
Imagens voltam a pipocar na cabeça do Silva. A Galega, Since I’Ve Been Loving You, o mar, o chope, as alfaias do maracatu, Guta, Amália, as gravuras do corredor da cozinha, o coco no carro do vizinho, os girassóis de Van Gog e o Pedrão. Que diabos fazia aquele retrato do Negrão na casa da Galega? Eles nem se conheciam. Será que não? Silva mira o retrato:
– Até a Galega, brother?


Letra Selvagem

Letra Selvagem

Incentivar a leitura e a produção literária nunca é demais. Principalmente quando se trata de um país como o Brasil, que apresenta índices baixíssimos de leitura, se comparado aos países europeus. Felizmente este quadro está mudando, aos poucos é verdade, mas está mudando. A literatura brasileira conta com novos nomes, novos formatos e novos selos, que tem como objetivo impulsionar a palavra escrita.

Entre os novos (e notáveis) selos literários temos a Letra Selvagem, que se preocupa – antes de qualquer coisa – com conteúdo e a qualidade dos livros que publica. O grande diferencial do selo é que os livros lançados não fazem parte do “mercado convencional”, ou seja, os livros editados não contam com a ajuda do erário público, tão pouco serão encontrados nas prateleiras de grandes livrarias sob a plaquinha “Best Sellers”. A idéia do selo editorial é incentivar e facilidade a tomada de consciência frente à produção literária latino-americana.

Deixo aqui os parabéns a todos que fazem parte do selo, em especial Marcelo Ariel, que domina tão bem as palavras! Tenho certeza que muitas coisas boas ainda estão por vir!

Se você aí ainda não conhece o trabalho da Letra Selvagem, acesse o site aqui.

Ingrid Nirve

Rapidex

Mercado

O Mercado de Petrópolis inaugura hoje (20.05.2009) um espaço cultural recheado de boxes interessantes, entre eles: Cineclube Natal (boxe 51), Sebo Lisboa (boxe 26), Pub Papo Furado (boxe 19), Sebo Cata-Livros (boxe 8), entre outros.

A inauguração contará com apresentações musicais e feira de artes e antiguidades, além do relançamento de livros sobre cinema editados pelo Sebo Vermelho.

E aí, vai?! =)

Ingrid Nirve